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15 mai 2013 3 15 /05 /mai /2013 23:41

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O absurdo extrai-se da “relação do homem com o mundo”. Não se encontra exclusivamente no plano das coisas nem está totalmente no lado humano. Destaca-se da relação do homem com o seu próximo, consigo mesmo e com a vida. O homem sente-se absurdo enquanto ser “lançado” no palco da existência. O absurdo é, por isso, um “divórcio”, um “exílio”, uma inadequação fundamental entre um actor (o homem) e o seu palco (o mundo).

Sísifo é o símbolo da nossa condição mortal: também nós, humanos, depois de uma vida dedicada à construção de um sentido, somos esmagados pela fatalidade da morte, do mal, da dor ou da estranheza inóspita da existência.

Po que razão este mito nos interpela ainda hoje? A permanência do mito reside na força do seu simbolismo. Também para nós, e não apenas para os gregos, este mito remete para a nossa própria condição absurda. Camus comparará o trabalho repetitivo de Sísifo durante toda a eternidade ao trabalho do operário da cadeia de produção que repete o mesmo gesto durante todo o dia. E cada um de nós rever-se-á facilmente em Sísifo ao realizar as pequenas rotinas do dia a dia, ao deparar-se com problemas repetitivos e inúteis, ao confrontar-se com o sofrimento e com a inevitabilidade da morte ...


Camus nota

 

A posição de Camus é que a vida deve ser vivida pelo que ela é, sem recorrer à esperança. A resposta de Camus à questão do sentido, sendo embora a afirmação do absurdo, está longe do pessimismo. Trata-se antes de uma afirmação de amor à vida e à existência, àquilo que é aqui e agora em detrimento daquilo que apenas poderá vir a ser e, simultaneamente, de uma  recusa do niilismo expresso nos pessimismos que conduzem à abdicação suicida ou terrorista.

Ao aceitar o seu destino, mas sem resignação, o herói absurdo transcende-o, afirmando a sua liberdade. É por isso que, para Camus, Sísifo pode vencer os deuses, ainda que não possa deixar de cumprir o destino que lhe é imposto.

 

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